quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Eras Glaciais

EM BUSCA DA ERA GLACIAL


A história do clima no planeta Terra está guardado num arquivo de gelo gigantesco – o solo glacial da Antártica. São quase 1 milhão de anos literalmente congelados no tempo, que cientistas do Projeto Europeu para Núcleos de Gelo da Antártica (Epica, na sigla em inglês) estão escavando. O processo é muito parecido como o da arqueologia, mas trata-se de uma ciência com nome próprio: a paleoclimatologia.

No final do ano passado, 2003, os pesquisadores retiraram da região uma coluna glacial com 3,19 quilômetros de profundidade. O estudo dela pode fornecer dados bastante precisos das condições atmosféricas no mundo nos últimos 740 mil anos. E pode ajudar os cientistas a conhecer mais sobre as eras glaciais.

Há 2 milhões de anos, a Terra vem atravessando fases de aquecimento e resfriamento constantes. Os períodos gelados (chamados de eras glaciais) duram em média 100 mil anos e são intercalados por eras temperadas (chamadas de interglaciais), como a que vivemos atualmente. Sabe-se muito pouco sobre cada um desses períodos e muitas das respostas que procuramos podem estar no bloco retirado pelo Epica.

Os períodos interglaciais costumam durar 10 mil anos, embora o atual já se estenda por 12 mil. Mas não é preciso tirar os casacos do armário. Segundo pesquisadores do Epica, essa fase tem características parecidas com as de um outro período temperado, que aconteceu há três glaciações, e que foi bem mais longo: 28 mil anos de clima hospitaleiro.

Cientistas menos otimistas pensam diferente. Para eles, as atividades do homem elevaram tanto a concentração de gás carbônico que o bom clima vai acabar bem antes da próxima idade do gelo.


O ARQUIVO GELADO


O bloco retirado pelo Epica guarda informações sobre as últimas oito eras glaciais que atingiram a Terra (ao todo foram 27). O gelo preserva grãos de poeira e pequenas bolhas de ar com amostras da atmosfera de cada época. Os cientistas retiraram o bloco em pedaços de cerca de 3 metros de comprimento e 10 centímetros de diâmetro. Os canudos de gelo foram guardados numa câmara frigorífica e levados para laboratórios na Europa, onde estão sendo estudados.


Fonte: Marcelo Bortoloti / agosto de 2004.

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