domingo, 18 de abril de 2010

Humanidade não pode salvar o planeta, afirma especialista


Mudar os hábitos para tentar salvar o planeta é "uma bobagem", na opinião de um dos mais conceituados especialistas em meio ambiente no mundo, o britânico James Lovelock, para quem a Terra, se for salva, será salva por ela mesma. "Tentar salvar o planeta é bobagem, porque não podemos fazer isso. Se for salva, a Terra vai se salvar sozinha, que é o que sempre fez. A coisa mais sensível a se fazer é aproveitar a vida enquanto podemos", afirmou Lovelock em entrevista à BBC.

O cientista de 90 anos é autor da Teoria de Gaia, que considera o planeta como um superorganismo, no qual todas as reações químicas, físicas e biológicas estão interligadas e não podem ser analisadas separadamente. Considerado um dos "mentores" do movimento ambientalista em todo o mundo a partir dos anos 1970, Lovelock é também autor de ideias polêmicas como a defesa do uso da energia nuclear como forma de restringir as emissões de carbono na atmosfera e combater as mudanças climáticas.

Gatilho
Para Lovelock, a humanidade não "decidiu aquecer o mundo deliberadamente", mas "puxou o gatilho", inadvertidamente, ao desenvolver sua civilização da maneira como conhecemos hoje. "Com isso, colocamos as coisas em movimento", diz ele, acrescentando que as reações que ocorrem na Terra em consequência do aquecimento, entre elas a liberação de gases como dióxido de carbono e metano, são mais poderosas para produzir ainda mais aquecimento do que as próprias ações humanas.

Segundo ele, no entanto, o comportamento do clima é mais imprevisível do que pensamos e não segue necessariamente os modelos de previsão formulados pelos cientistas. "O mundo não muda seu clima convenientemente de acordo com os modelos de previsões. Ele muda em saltos, como vemos. Não houve aumento das temperaturas em nenhum momento neste século. E tivemos agora um dos invernos mais frios em muito tempo em todo o hemisfério norte", diz Lovelock.

Energias renováveis
Durante a entrevista à BBC, o cientista britânico afirmou ainda não ver sentido na busca de alguns hábitos de consumo diferentes ou no desenvolvimento de energias renováveis como forma de conter as mudanças climáticas.

"Comprar um carro que consome muita gasolina não é bom porque custa muito dinheiro para manter, mas essa motivação é provavelmente mais sensata do que a de tentar salvar o planeta, que é uma bobagem", diz. Para Lovelock, a busca por formas de energia renováveis é "uma mistura de ideologia e negócios", mas sem "uma boa engenharia prática por trás".

"A Europa tem essas enormes exigências sobre energias renováveis e subsídios para energia renovável. É um bom negócio, e não vai ser fácil parar com isso, mas não funciona de verdade", afirma.

Fonte: Terra – 31.03.10
Biólogos descobrem nova espécie de lagarto gigante nas Filipinas


Espécie é do mesmo grupo do dragão de komodo

Uma nova espécie de lagarto gigante, que pode chegar a até dois metros de comprimento, foi descoberta no norte das Filipinas, segundo artigo publicado na revista especializada Biology Letters.

O réptil, descrito como “espetacular” pelos biólogos, é da família dos varanos, ou lagartos-monitores, que inclui o dragão-de-komodo, o maior lagarto vivo.

A nova espécie, batizada de Varanus bitatawa, tem a pele amarela, verde e azul e sobrevive com uma dieta à base de frutas.

Apesar de conhecido pelas populações tribais da região das montanhas da Sierra Madre, no norte das Filipinas, ele havia passado despercebido pelos biólogos até agora.

“É um animal incrível”, disse Rafe Brown, um dos cientistas que descreveu a nova espécie.

No artigo, ele ainda destaca como é raro encontrar um animal terrestre tão grande que seja novo para a ciência.

Descoberta

Os cientistas consideram a descoberta tão importante quanto às de outras espécies de grandes animais nos últimos anos: o kipunji, que representa um novo gênero de primatas encontrados na África, e o bovino saola, encontrado nas florestas do Laos e do Vietnã.

Os habitantes das florestas da ilha Luzon, onde fica Sierra Madre, costumam caçar o Varanus bitatawa pela carne, uma fonte importante de proteína.

Os cientistas ignoravam sua existência até que a equipe liderada por Brown, com biólogos dos Estados Unidos, Filipinas e Holanda, pesquisou uma série de espécimes de lagartos preservadas em museus americanos e filipinos.

Dentre essas espécies, os cientistas identificaram o novo lagarto com base em seu tamanho, escamas, coloração e DNA.

O corpo do Varanus bitatawa mede cerca de um metro, com mais um metro de rabo. Ele tem a pele escura, coberta por pintas amarelas e manchas.

Suas pernas são praticamente amarelas e o rabo é listrado de amarelo e preto.

Em algumas fotografias, o animal também parece ter escamas azuis e verdes.

A nova espécie seria uma das únicas três espécies de lagartos que se alimentam apenas de frutas no mundo.

Criatura solitária

Ninguém sabe por que a nova espécie de lagarto permaneceu desconhecida dos cientistas até agora, especialmente porque há muitos biólogos trabalhando nas Filipinas.

Os pesquisadores dizem que pode ser porque ele é arredio e recluso, um animal que nunca deixa a floresta ou sai em campo aberto.

Outra razão seria o número baixo de expedições científicas que descreveram répteis que vivem nas florestas da Sierra Madre.

A nova espécie de varano vive a pelo menos 150 quilômetros de distância de seu parente mais próximo, o lagarto V. olivaceus, que também vive em árvores e se alimenta de frutas.


Fonte: BBC Brasil – 07.04.10